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Foto do escritorMarina Soncini

Especial 8M: lutar, descansar ou comer bombom?

Hoje é 8 de março, ou 8M para as entendidas. É possivelmente um dos dias mais importantes para o movimento feminista como um todo. É um dia para lembrar de lutas e lutos, para renovar as esperanças, para gritar pelas ruas, para juntar os bandos. Mas também pode ser um dia para não fazer nada disso e simplesmente comer o sonho de valsa que alguém aleatório te ofereceu na rua. 


Porque convenhamos, estamos também cansades (ou eu estou). A vida não costuma nos permitir ficar de boas. As violências que nos rodeiam, das mais leves até a mais grosseira, nos pedem sempre muito (leia-se, vivemos com medo). Nos demandam um esforço contínuo pra que a gente se prove, se valide e pra que a gente conquiste nosso espaço. Nos demandam atenção para não sermos rebaixadas, violentadas ou para não sermos mortas.


Além de tudo, o sistema que nos oprime ainda faz a gente se sentir culpada por todas essas violências, uma e outra vez. Nos tira os caminhos e nos culpa por não encontrar as saídas. Nos condena também quando pegamos uma marreta e destroçamos alguma parede pra criar uma rota de fuga alternativa. E nos faz esquecer quem são os verdadeiros inimigos. 


Tudo isso é extremamente exaustivo. E é muito mais brutal para algumes do que para outres. O racismo, a transfobia, a lgbtfobia, e a pobreza somam forte nessa equação (como em todas). E ainda que cansadas, a gente continua. Porque sabemos que, de um jeito ou de outro, é uma questão de sobrevivência. E se ilude quem acredita numa liberdade individual. Isso não existe, ao menos não pra nós. Ou é para todas e todes, ou não é! 


Então, nesse 8M, que a gente não esqueça quem tá do nosso lado. Que a gente perceba as que estão faltando. Que a gente tenha noção do nosso lugar, mas que não se limite a ele. Porque uma luta que não se aprofunde na pluralidade e na multiplicidade dos gêneros não vai nos levar longe. Na verdade, só vai aumentar as distâncias. 


E que a gente também não coloque ainda mais carga sobre as nossas costas. Tá tudo bem se você não quiser ir pra rua. Tá tudo bem não ter forças. O 8M é hoje, mas nada acontece da noite pro dia. Amanhã seguimos e nos precisamos vivas, descansadas, subversivas e dançantes. Faça e seja hoje o que você quiser, assim como todos os outros dias. E se alguém vier me oferecer um bombom, sinceramente, eu vou guardar minha energia e torcer pra que seja um ouro branco.









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