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El amor de mi temporada de vida

  • Foto do escritor: Marina Soncini
    Marina Soncini
  • 20 de mar. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 15 de set. de 2024

Um dia (faz meses), em um bar com amigas, uma delas estava contando uma história que passou junto com a namorada (ou pareja, ou vínculo, com ela preferir). Lá pelas tantas, ela contou que a namorada tinha dito uma frase com um conceito que ela mesma tinha aderido recentemente, e que apareceu no meio dessa história. L disse para M: gracias por ser el amor de mi temporada de vida. E eu achei isso precioso.


Essa amiga não se identifica totalmente como não monogâmica, nem tampouco se enquadraria no clássico que conhecemos da monogamia. Independente disso, ela ta sempre questionando sua forma de se relacionar e se posicionar, e junto com isso, ela também acabou me fazendo pensar no que significa o amor. Especificamente esse romântico-sexual, que é o que vou falar agora. 


Eu nunca me adaptei à ideia de ter um único grande amor pra vida toda. Eu era namoradeira quando mais nova, e sempre identifiquei na minha própria história mais de uma pessoa ocupando esse lugar de “amor da vida", ainda que em momentos diferentes. E pensando nesses vários amores da vida que se acumulam, a frase dela me fez ver que eu não estava considerando algo muito óbvio, que é que o amor por alguém acaba. Tem seu fim. Mas que a vida continua em outros amores.


E é que em geral, a ideia da finitude costuma ser incômoda. Ainda mais quando se trata de amor. Esse sentimento que é tão almejado, ou tão venerado, endeusado, santificado e muitos mais “ados” que poderiam aparecer aqui. E eu não vou tirar os créditos, o amor merece. Mas acontece que ele também costuma ser erroneamente usado como sinônimo/justificante pra algo limitado, parado, exclusivo, calculado. E acredito que isso é, justamente, o que o amor não é. Ou não deveria ser.


Porque eu venho entendendo que, apesar de ser considerado um sentimento, o amor é muito mais uma escolha. Uma escolha que se sente e que demanda outras escolhas. É impossível o amor sem o amar. As pequenas atitudes e concessões cotidianas que a gente faz pra manter uma relação são, em si, o próprio amor. E não vamos confundir isso com uma coisa ruim, ou com algo tóxico (que em alguns casos pode vir a ser). Todas as relações saudáveis incluem saber dar, receber, recuar e reavaliar. 


O amor dá sim trabalho. Porque ele não fica bem como verbo passivo. É movimento e escolha cotidiana cuidar, ouvir, conversar, melhorar. Dar espaço e comprar pão. Aprender a amar da forma como a outra pessoa melhor entende o cuidado. E é por todo esse trabalho (e por tudo que te motiva a realizar ele) que, em algum momento, você pode entender que não quer mais se dedicar a isso. Ou que já não consegue mais cuidar desse amor de forma leve e saudável. E quando a decisão de amar se perde, o amor acaba. E tudo bem. 


Assim como você pode sim escolher onde investir seu tempo para que o amor cresça, (escolher amar), você pode perfeitamente escolher quando se retirar. E o fim de um amor não significa que amamos de menos, ou que não era de verdade. A vida é muito longa pra localizar o amor só em alguns poucos anos. Assim como é injusto invalidar um amor por outro. Um amor pode nao ter sido o da sua vida inteira, mas somou inteiramente na sua história de vida no amor. 


Reconhecer que ele acaba coloca ainda mais amor no próprio ato de escolher amar. Pra que ele seja sincero, e não compulsório. Eternamente finito. Assim como a partida. Que você chame de amor, de vínculo, de pareja ou de namorade. Monogâmique ou não, sinceramente, me dá igual. Eu só torço pra que a gente possa, cada vez mais, escolher amar e desamar em prol do próprio amor, e não só de cada que amamos. E que a gente possa amar quem quiser, em paz. Seja por um capítulo ou por uma temporada inteira. 




Créditos à la Mariana (@marianacelestes)  que me ensinou esse conceito e me trouxe essas reflexões posteriores, e ao trabalho do @gotitasdepoliamor no instagram que também foi referência para esse texto.



 
 
 

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© 2021 por Marina D. Soncini.

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