Onde fica a sua casa? A minha fica na esquina de uma rua estreita, segundo andar porta 3. Essa é a resposta que me vem quando penso em casa. Penso no meu sofá, na minha cama e na minha cafeteira. Mas logo em seguida penso no meu pai e na minha cachorra, em um espaço não tão físico de cuidado e conforto situado mais ou menos abaixo do trópico de capricórnio. Nesse lugar que quero estar quando me sinto mal e que busco, quase inconscientemente, quando procuro um caminho pra seguir.
E aí me pergunto quantas casas possíveis tenho e quantas ainda vou ter, pra considerar sempre o espaço que preencho com gente, como meu lar principal. É que seria ilusão pensar que estou em casa se não estou rodeada de amor. Mas ainda assim, a casa enraizada mais fundo parece sempre ganhar da casa flutuante onde as plantas normalmente morrem. Se é sobre raízes, elas nunca se moveram, mas será que te puxam, pra além de te segurar? Se é sobre liberdade, sinceramente, melhor nem falar.
Sei que me vejo num limbo ainda pouco conhecido por mim, que tento escrever ou pintar, alguma cor que expresse o sentir do não estar, o ímpeto de voltar e a vontade de nunca ir. Tudo bem sempre, eu já sei, mas queria levar em paz essa indecisão dentro do contexto que tenho, de não cair em buraco sem escada pra depois ter que subir com a mão.
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